sexta-feira, 18 de setembro de 2020

asa ferida

 vi-a tão triste

e só 

como se a noite bradasse 
um desamor aos ventos 
desmedidos 
e o mar acalentasse tanta dor. 

metia dó. 

um arrastar de asa 
prendia-se ao pó 
e o sonho de voar 
já não mais era 
a vontade de por si lutar. 

os olhos falavam do abandono 
e nas roupas desalinhadas 
um misto de cores desbotadas 
a refletirem os cabelos baços 
contavam mudas 
uma estória esquecida. 

pela mão trazia um saco 
carregado de nada 
(uma imensidão) 
a lembrar tesouros de pão. 

perguntei-lhe se queria alguma coisa 
e ela disse-me: "- não!" 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

sede

Que o meu amor por ti
seja um rio na sede
que vai em ti.

Já vi desertos que da água
em oásis se transformaram.