segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

a casa do lago

1.
procuras os caminhos
na infância percorridos
que dos apagados trilhos 
só a lembrança do tempo
tão depressa corrido
fica a doce idade-menino.

2.
não se deu por nada...

um ano passou
entre quatro paredes
janelas fechadas 
e sorrisos presos.

uma súbita mudança
lá longe
onde os olhos 
não viram nada
e o mundo rasgou-se
sem alvoradas
diferente do que era 
noutra era.

um sono constante 
pairou 
sobre o tempo 
parado
e o fogo aberto 
queimou
destinos e alegrias
sem olhos abertos 
a verem o dia 
que noite já era.

e a cada momento 
da memória o passado 
perdido
com saudades 
do futuro
agarrado 
ao presente esquecido.

8 comentários:

  1. Um poema bem elaborado que nos faz pensar. Sem dúvida ficará na história desta Era.
    Beijinhos e Bom Ano Novo ✨

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  2. Você foi brilhante em sua abordagem. Liberdade cerceada, destinos queimados. Saudade do que não se viveu. Muito belo! Abraço.

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  3. Na tal "Caso do Lago" procuram-se recordações da infância, que jamais voltarão, mas sabe bem recordar tudo e todos dessa época.

    Deu-se por tudo, infelizmente, se esse é o sentido deste verso do seu poema. O ano de 2020 foi aterrador e as portas e janelas já choram de tanta dor. Toda a Humanidade sentiu esse aperto e confinamento no peito, mas nada se pode fazer. Contudo o tempo é o melhor remédio para todas as desgraças e este ano embora ainda pesado está a dar-nos esperanças de um futuro melhor, embora o presente ainda nos tolde o olhar e nos faça ficar assustados. A vida tem de seguir, mas com muito cuidado e disciplina.

    Beijos e que 2021 seja bem mais leve e esperançoso que 2020, Luís!

    BOM ANO NOVO, com saúde sobretudo.

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  4. Muito bem poetizado o tempo singular e esgotante do ano que findou...
    Será que vamos conseguir reverter a marcha?

    Grata pelos bons momentos de leitura.
    Que tudo suceda do melhor modo possível... Beijo, amigo Luís.
    ~~~~~~~~~~~~

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  5. Continua a ter saudades do futuro, mesmo lembrando o passado e tentando esquecer o presente.
    Excelente, o teu poema, Luís.
    Um grande beijo.
    Cuida-te

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  6. Um poema soberbo a fazer o ponto da situação do estado do tempo, esse ladrão que se escapa por entre os dedos da nossa insignificância.
    Neste intermezzo seja-nos permitido trazer o passado ao presente, transfundir algum sangue novo de ilusão, enquanto de os olhos postos "lá longe" esperamos pelo futuro.
    Abraço.

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  7. Somos a eterna criança
    Por nossa alma ser aquela
    Alma infantil tão singela
    Que a razão não alcança.
    Nós guardamos por lembrança
    Lembranças de sentimentos,
    De luzes e alumbramentos
    Que não sabíamos se era
    Realidade ou quimera
    Sem a isso estar atentos.

    Lindo poema! Parabéns! Abraço cordial! Laerte.

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  8. Lindos versos!
    Gosto de ler em
    calmaria.
    Bjins
    CatiahoAlc.

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